A COP está chegando, mas, e depois? O desafio de transformar um evento em legado permanente
- noticiasdoseventos

- 6 de out.
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Belém se prepara para viver um momento histórico. Com a realização da COP 30, a capital paraense será o centro das atenções mundiais, recebendo líderes, cientistas e ambientalistas que discutirão o futuro do planeta. Mas, como profissional do turismo e da comunicação, não posso deixar de fazer uma reflexão: e depois que a COP acabar? O que restará como legado real para a cidade e para quem vive aqui?
O movimento econômico e estrutural gerado por um evento dessa magnitude é inegável. Hotéis sendo ampliados, novos empreendimentos surgindo, obras de mobilidade sendo aceleradas, o comércio se aquecendo — tudo isso é positivo. No entanto, o grande desafio é o que virá após o evento: manter viva a chama da transformação e garantir que o investimento não se limite à infraestrutura, mas se converta em desenvolvimento humano e sustentável.
Porque, convenhamos, não se priorizou a educação ambiental como se deveria. A cidade que se prepara para receber um evento global sobre meio ambiente ainda convive com problemas básicos de cidadania e consciência coletiva. Faltou criar uma cultura de pertencimento, de responsabilidade e de respeito ao espaço urbano.
É triste constatar que, enquanto se discute sustentabilidade em grandes mesas de negociação, patinetes elétricos são jogados em canais e usados como transporte coletivo — quando deveriam ser individuais.
O lixo e o entulho continuam sendo despejados em vias públicas, canais e canteiros centrais seguem sendo tratados como depósitos improvisados. O descarte irregular e os lixões permanecem como feridas abertas, contaminando o solo e o ar e revelando o abismo entre o discurso ambiental e a prática cotidiana.
Belém não precisa apenas de investimentos em obras — precisa de uma revolução comportamental e educacional. A verdadeira sustentabilidade começa nas pequenas atitudes: no cuidado com a rua, no respeito pelo espaço público, na consciência de que cidade limpa é resultado de cidadania ativa.
Se quisermos que a COP 30 deixe um legado duradouro, é preciso ir além das aparências. O evento precisa ser o ponto de partida para um novo modelo de gestão urbana e ambiental, que una poder público, iniciativa privada e sociedade civil em torno de um objetivo comum: construir uma cidade verdadeiramente sustentável e humana.
Para isso, algumas medidas são essenciais:
Implementar programas permanentes de educação ambiental, desde as escolas até as comunidades, reforçando o sentimento de pertencimento e responsabilidade.
Criar políticas públicas de incentivo à economia circular, envolvendo cooperativas de reciclagem, startups verdes e o setor produtivo.
Fortalecer o turismo sustentável e o marketing territorial, mostrando ao mundo uma Belém que vive, de fato, os valores que prega.
Manter o calendário de eventos internacionais, transformando o investimento em estrutura em oportunidade contínua de negócios e projeção global.
O verdadeiro legado da COP 30 não pode ser apenas concreto e vidro. Deve ser consciência, cidadania e compromisso coletivo. Belém tem tudo para se tornar uma referência em sustentabilidade — mas isso só será possível se olharmos para dentro, reconhecermos nossas falhas e decidirmos, de forma madura, fazer diferente.
A COP está chegando, e o mundo estará nos observando. Que este momento sirva não só para mostrar o melhor de nós, mas para nos comprometer com o que ainda precisa mudar.
Por Marcelo Pinheiro – Turismólogo e Publicitário, MBA em Criatividade e Design Estratégico




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